
Quando se é criança, o grande reflexo de quem podemos ser está nas referências que temos ao nosso redor. Seja através dos professores em sala ou no que assistimos na televisão. A partir disso, entendemos que, quando falamos sobre a pele negra, essa representatividade é muito mais do que um personagem em um filme, mas um verdadeiro guia que mostra a uma criança até onde ela pode chegar.
Vamos entender mais sobre isso? Acompanhe o artigo!
O verdadeiro significado de “representatividade”
Uma palavra grande, mas com um significado simples e ao mesmo tempo poderoso. Representatividade nada mais é do que a expressão dos interesses de um grupo na figura de um representante, alguém que, naquela situação, está no poder.
Assim, aquele que fala em nome de um coletivo, se manifesta comprometido com as demandas e necessidades desses representados.
Mas, ainda que a representatividade seja a organização desses grupos buscando que seus interesses sejam garantidos. Ela também é, sobretudo, parte da formação do indivíduo que compõe esse grupo.
Ou seja, é preciso que haja um representante comprometido, para que assim eles consigam aparecer e fortalecer sua identidade, sem negligenciar quem realmente são pela ausência de representação na mídia, por exemplo.
A importância da representatividade negra na mídia
“Viver sem um reflexo por tanto tempo faz você se perguntar se você realmente existe.”
Beyoncé
A representatividade nas artes e mídias tem peso na formação e projeção de identidade. E como isso acontece? Bom, mediante a frase acima, é possível entender que a ausência de um representante na mídia, faz com que crianças e adolescentes cresçam pensando que são inferiores, já que não há espaço para eles ali.
Há muitos anos a pele preta aparece sim na mídia. Porém de forma errada e que não ajuda em nada na construção de identidade de crianças e adolescentes que precisam de incentivo e autoestima para lutar por seus sonhos.
A pele preta na TV, passou anos atrelada a uma imagem bem específica: para mulheres, empregadas; para os homens, seguranças. Nunca como chefes ou figuras de poder. E, tudo isso, era como um reflexo que limitava pequenos indivíduos a não se visualizar em cargos de alto renome.
Apenas dissertando sobre essa realidade, nota-se a importância da representatividade para que crianças possam se enxergar como capazes de alcançar o que quiserem.
É sabido que esse processo de infância é o momento de formação de identidade, por isso, crescer com um representante na mídia ou, até mesmo, em cargos políticos, é muito mais poderoso do que as pessoas imaginam.
A mudança está acontecendo!
Ainda há muito a se fazer, mas os primeiros passos para esse avanço já foram dados!
Crianças negras sempre tiveram poucos referenciais positivos na televisão e no cinema. E, sabendo, agora, da importância desse referencial na construção de identidade, autoestima e até mesmo incentivo, contemplar essa mudança é inevitável.
Alguns exemplos de como isso tem gerado um impacto positivo a nível mundial são grandes lançamentos como: “Wakanda Forever”, o novo “Capitão América” e o live-action de “A pequena sereia”.
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“Wakanda Forever”:
Um personagem que, desde o seu lançamento, ficou marcado como força e glória na comunidade de pessoas negras.
O Pantera Negra do Universo Cinematográfico da Marvel foi o primeiro super herói negro a ganhar um filme solo e, em um país fictício localizado na África e intitulado como “Wakanda”, rico em natureza e tecnologia.

O impacto emocional em um grupo social cuja a importância de suas vidas precisava ser constantemente reforçado foi explosivo, resultando em uma das bilheterias mais expressivas da história do cinema. 1,34 bilhão de dólares.
Na época de lançamento, as redes sociais se encheram de fotos e vídeos de crianças e adultos, em sua maioria, negros, orgulhosos, mostrando, mais uma vez, o peso social de ter um homem negro como um super herói.
Além disso, muito foi dito também sobre o poder da mulher negra nas telas. Isso porque, no filme, as personagens femininas estão longes de serem as tradicionais mocinhas que precisam ser salvas. Elas são peças fundamentais em Wakanda, formando uma guarda real cheia de poder.
“Capitão América”:
Ainda dentro do Universo Cinematográfico da Marvel, no começo de 2022, a série da Marvel “Falcão e Soldado Invernal” trouxe a tona o novo Capitão América, estrelado por Sam Wilson (Anthony Mackie), um homem negro.

Este vem a ser o primeiro protagonista negro da Marvel desde a morte do Chadwick Boseman, o Pantera Negra.
A presença de heróis de pele negra nos cinemas é um grito de encorajamento a crianças que, por anos, tiveram sua imagem negligenciada e afastada de associações heróicas ou de poder.
E, mesmo que a mudança esteja acontecendo de forma lenta, é inegável que a mesma traz consigo uma importância enorme para as crianças do presente e as que estão por vir.
“Eu realmente acredito que esses ícones negros gigantes são necessários, não só para as nossas crianças pretas, mas também para as crianças brancas absorverem [essa ideia] — nosso povo é grandioso e heroico…”
Malcolm Spellman (roteirista de Falcão e Soldado Invernal).
Depois da série, o próximo filme do Capitão América já contará com protagonismo negro. Mas, até lá, novos rostos já começaram a aparecer a fim de representar a comunidade e de fato trazer mudança a esse cenário.
Dentre eles: Makkari e Phastos em Eternos, Monica Rambeau em The Marvels, um filme live-action do Super Choque e a estreia do Superman negro produzido por Michael B. Jordan nas telas da HBO Max.
“A pequena sereia”:
Já quando se fala sobre princesas, até pouco tempo, das 12 princesas oficiais da Disney, apenas Tiana (A Princesa e o Sapo) era negra.
Vale ressaltar que, mesmo sendo protagonista do próprio filme, ela tem o menor tempo de tela dentre as princesas, uma vez que em boa parte da história Tiana está na forma de um sapo e passa apenas 19 minutos em sua forma humana.
Com isso, a divulgação da atriz Halle Bailey como a Ariel no live-action de “A pequena sereia” trouxe muita emoção! Vídeos de crianças negras reagindo se tornaram virais. Essa identificação gerada pelas meninas, ainda pequenas, faz com que as mesmas se enxerguem como bonitas e verdadeiras princesas, associação tão presente na infância.

E, vale ressaltar as animações da Disney que também tem buscado trazer essa representatividade com personagens como Moana e Mirabel do filme “Encanto”.