
Em um mundo onde a Igualdade e Diversidade são cada vez mais celebrados, é muito difícil compreender que qualquer validação de preconceito ainda possa existir. Mas ele não apenas existe, como também se estrutura no que muitos especialistas chamam de ameaça do estereótipo. Mas o que é isto e de que modo podemos lidar com ela?
Antes de mais nada, vale entender que esta ideia atinge grupos minoritários (negros, mulheres, lgbti+, etc.). Grupos que ao longo da história foram marginalizados através da opressão, discriminação e/ou desigualdade econômica.
O resultado desta equação foi a criação de crenças limitantes, que foram integralmente incorporadas no comportamento destes grupos, com o objetivo de possuírem uma premente validação e aceitação social.
Frases do tipo “mulher não dirige bem” ou “um bolsista não tem o mesmo desempenho de um não bolsista” não são apenas internalizadas pelos grupos em foco (mulheres e bolsistas, nos exemplos citados), como também passam a ser conceitos normatizados.
Pesquisas sobre a ameaça do estereótipo
A estruturação desta lógica pode ser comprovada por duas pesquisas, que referendam o potencial destrutivo da ameaça do estereótipo. A primeira, e uma das mais importantes, utilizada para fundamentar a teoria, foi realizada pelos pesquisadores norte-americanos Claude Steele e Joshua Aronson, em 1995.
Em testes de inteligência realizados com estudantes brancos e negros, ficou evidenciado uma diferença de notas (com vantagem para o grupo de estudantes brancos), quando no início do teste se questionava a raça do aluno. Todavia, esta diferença desaparecia quando se retirava este questionamento.
Outra pesquisa relevante, agora levando em conta a realidade brasileira. Utiliza como amostra estudantes cotistas e não cotistas da UFBa (Universidade Federal da Bahia), o resultado foi mais contundente/assustador.
Quando colocados em um cenário regido pela ameaça do estereótipo, os cotistas tiravam até 4 pontos a menos na prova, em relação aos não cotistas.
As consequências da ameaça do estereótipo: a geração de um ciclo nada virtuoso
Todas estas pesquisas ajudam a ilustrar o impacto negativo que esta tese inflige nas minorias. Mas quais são os danos implícitos que a ameaça de estereótipo materializa, de maneira prática?
Dentre muitos, listamos os três principais:
-Potencial individual inibido
É visível o entendimento de que a ameaça do estereótipo cerceia a capacidade plena do indivíduo pertencente ao grupo discriminado.
Logo, muitos talentos que seriam de grande valor a sociedade são perdidos ou subvalorizados, por conta deste cenário.
-Percepção errônea da realidade
Quando criamos um contexto onde a diferença imposta pela ameaça do estereótipo é fortificada, a chance de obtermos resultados inverídicos/não qualificados é quase certa. Em termos práticos, nem sempre o melhor será escolhido ou valorizado.
Além disso, a ameaça do estereótipo cristaliza uma triste relação subordinadora entre dominador (grupo opressor e/ou beneficiado) e dominado (minorias). Colaborando para o surgimento da terceira e terrível consequência, que é o endosso ao preconceito.
Mas, o que seria o Endosso ao Preconceito?
E aqui, um círculo nada virtuoso se consolida. O preconceito, que é uma das principais fagulhas da ameaça do estereótipo, é reforçado e normatizado. Não precisamos nem dizer o quanto isto é prejudicial, sobretudo à longo prazo.
Mas como lidar com este problema que limita e relega aos indivíduos pertencentes a minorias um papel secundário e marginal? Dentre muitas propostas, as soluções passam objetivamente no combate incessante e ostensivo a qualquer tipo de preconceito. Além disso, mostrar aos grupos minoritários indivíduos iguais a eles, que sejam referências de excelência na área de atuação onde se encontram (ex: professores negros no corpo docente de uma universidade).

Por fim, temos que fortalecer o entendimento de que a ameaça do estereótipo não é algo que prejudica apenas um grupo específico de pessoas, como também atrapalha na busca de uma sociedade mais justa, igualitária e melhor.
E você, já sofreu algum tipo de ameaça de estereótipo? Como lidou com esta situação? Deixe seu relato nos comentários abaixo. E não esqueça também de voltar a acessar o nosso blog, para encontrar mais assuntos de seu interesse.
Nos vemos em breve!